IRMÃOS

A união entre irmãos de sangue é algo que admiro muito. Talvez porque minha experiência real não seja de companheirismo, irmão distante, não apenas na idade, mas na luta pela vida, pela sobrevivencia, pelo ardor da conquista.

Sinto por vezes uma inveja (boa) de irmãos que trazem no olhar o respeito mútuo.
Para quem opinião um do outro é fundamental, indispensável.
Que não se separam, que dividem a vida, as vitórias e as derrotas, são como 'unha e carne'

Por isso, sempre que uma amizade se manifesta, seja lá como for, tento fazer desse relacionamento um comum de cumplicidade, respeito, irmandade.

Muitos relacionamentos entre amigos, se parecem com irmãos. Aliás acho a força do sangue é inegualável, mas a força da afinidade de almas também se manifesta de forma forte e inexplicável.

À procura de algo assim, confesso, difícil é encontrar...acho mesmo que meu caminho é solitário (assim como o encontro da tal alma gêmea...)
Raros e breves foram os momentos que pensei eternos e todos se dissiparam como se desfaz um sonho quando se acorda.

Pessoas especiais passaram pela minha vida, mas se foram, seguiram seus destinos,
estão hoje dentro de seus espaços, amigos e vidas, apartadas e às voltas de suas próprias procuras por irmãos de alma.

E eu ? bem...ainda procuro mas estou no limiar da desistência.

by Wal

A FLOR

Quando me pergunto como consigo escrever tanta bobagem ?? a única resposta que encontro é:
traduzo imagens em palavras.

Tristes eu sei, ainda imaturas, sem graça, mas as imagens alegres não consigo ver com a clareza necessária para escrever sobre elas.

Por isso esses textos são a tradução de imagens que capturo em conversas com amigos ou minhas histórias sem graça, imagens, imagens, imagens.
Imagens que se transformam em palavras, em versos (perdoem-me os poetas)

Será isso arte ? que pretensão a minha ! eu diria apenas um 'desabafo' , deixem-me escrever em paz! sem pressão literária...a academia está muito bem habitada de imortais.

Uma imagem que me fez escrever este texto é a ilustração do livro "A Flor do Lado de Lá" de Roger Mello, pois me identifiquei imediatamente, um livro infantil que mesmo sem diálogo traz uma mensagem profunda.

Sou aquela anta...que vive admirando e sonhando com a flor...tenta, tenta...mas ela vai embora... sou uma alma criança, iludida e que esperava ansiosa pela linda flor...mas ela nunca me viu, ela nem siquer soube que eu existia !

Quantas vezes ignorarmos as flores à nossa volta, e somente nos preocupamos com o que está à nossa frente: um problema, um emprego, um pouco de dinheiro, um amigo, um amor....

Preciso aprender a parar de chorar pela flor que estava do lado de lá e se foi....
Preciso aprender a ver o jardim que pode estar por perto e nem percebo.

"É humano chorar !" mas cansa...

Quem sabe alguma flor perdida nesse jardim virtual,
se apaixone por meus textos, veja as mesmas imagens que vejo,
se interesse por minhas palavras que são a beleza do meu interior e o que tenho a oferecer.

...e venha resgatar essa anta teimosa e míope.
...mas que não demore muito...isso também cansa!!

by Wal

IRREAL

Realmente intocável
a fagulha desse sentir
Sendo desnudado ao poucos
Crescendo na sensação íntima do desejo louco

Tinham o ardor dos amantes
A explosão da chama ardendo
Estavam unidos, ainda que distantes
Na concretização do ato, o êxtase

Era o momento esperado
Era o real realizado
O homem que tanto queria
Na voz muda que ouvia

Doces como um romance sensual
Eram as frases desse dilema
E nesse soneto do amor carnal
As palavras não rimavam naquele poema

Na penumbra então revelado
Um sentido inconfessável
Claramente a razão acordando
Para a verdade cruel, indefensável

INSENSATO DESEJO

Teu cheiro de homem ainda exala
Dos poros vazios com desejo e tremor
E ainda procuram por mãos que não acha

Teu olhar profundo, excitado
Me desprendia das coisas reais
e me absorvia na contemplação interior

Me conhecia real, sensível e frágil
Ao abrigo das palavras trocadas
Ocultando o medo de expor o instinto

E a mulher escondida no íntimo do quarto
Ainda ouve os sussurros e gemidos sofregos e dissimulados
Nos momentos solitários, ligeiros e anulados

Em sonhos imagina seu toque negado
No corpo desnudo de roupas e pudores
Tirando a essência do amor proibido
Que suplica esse momento em tantos clamores

No seio i'nda anseia o doce movimento que a língua mantém
Como a orla das águas que avança sobre a praia
e recua num eterno e sublime vaivém.

Óh! desejo involuntário que mata
Óh! destroços insanos que teima em juntar
Nesse enlevo da história vivida sem dó
Perde o rumo por caminhos estranhos de uma vida erma e tão só

NA FAIXA

Povo que Deus abençoou
Povo que destroi a morada, num bombardeio sem fim
Sangue inocente jorrando pela alma do herói
Povo sofrido que chora sua dor

Lágrimas que juntas são chuva que inunda
Lágrimas que se unem aos povos do mundo
Povo que ainda tem a esperaçança de dias de paz
Terra santa que chora sua dor eterna

METADE

Composição: Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é a platéia
A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

MÊS DAS ÁGUAS

M ais que um simples mês do ano

A inda sinto a essencia do astro que vem

R evigora o espírito e brilha nas manhãs ensolaradas

C om a força do tempo traz a chuva do fim da tarde

O medo das águas que fecham a estação.

RIFA-SE UM CORAÇÃO

Um coração idealista.
Um coração como poucos,
Um coração a moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar
peças em seu usuário.

Rifa-se um coração que na verdade está um pouco usado,
meio calejado, muito machucado,
e que teima em cultivar sonhos e alimentar ilusões.
Um pouco inconseqüente e que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração que acha que
Tim Maia estava certo quando escreveu e
tão bem cantou...
“...NÃO QUERO DINHEIRO, QUERO AMOR SINCERO, É ISSO QUE EU ESPERO...”
Um idealista, um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende,
que não endurece e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato,
que comanda o racional sendo louco
o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações
e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra que briga, se expõe
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e as vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este mesmo coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional que
abre sorrisos tão largos
que quase dá para engolir as orelhas,
mas que também arranca lagrimas e faz
murchar meu rosto.
Um coração para ser alugado ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado, apenas indicado para quem
quer viver intensamente,
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente que se mostra
sem armaduras e deixa louco seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer a São Pedro:
- “O Senhor pode conferir, eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi
este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer.”

“Rifa-se um coração,
ou mesmo troca-se por outro que tenha um
pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser
que o abriga tão carinhosamente.
Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que
ainda não foi adotado,
provavelmente, por ainda se recusar a cultivar
ares selvagens ou racionais,
por não querer perder seu estilo e sua
verdadeira identidade.

Oferece-se um coração vadio, sem raça,
sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos,
que mesmo estando no mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário
a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

Clarice Lispector (Ucrânia, 1925 - Brasil, 1977)

TROPEÇO

Tropeçando nos próprios pés
Achamos um novo rumo

Tropeçando no próprio orgulho
Achamos um novo assunto

Tropeçando na própria história
Achamos uma nova artimanha

Tropeçando na própria dúvida
Achamos a razão da vida

Tropeçando nas idéias
é que se acha o prumo, o rumo.

"As idéias estão no chão, voce tropeça e acha a solução..." (Titãs)

TESTAMENTO

Por pior que seja a dor da separação,
certamente grande é o alívio que liberta a alma

Quando eu não mais estiver por perto
que ainda existam seres que de mim se lembrem,
pois é a eles que deixo tudo que tinha.

- Que por mim só tenham lembranças de ternura
ao menos pelo carinho que sempre tentei transmitir

- Que tenham a certeza de ter conhecido alguém que por eles se interessou,
que por eles se esforçou no agrado gratuito, que por eles perdeu seu tempo pensando numa forma de agradá-los.

- Que saibam que no escuro das horas solitárias, foi neles que se debruçou e se pôs a pensar em suas reações e conselhos, caso estivem presentes.

- Que saibam que na urgência das adversidades, foi a eles que suplicou silenciosamente uma palavra, um ombro prá chorar.

Aos que tiveram por mim algum tipo de ressentimento
Peço desculpas pelo que não tenho idéia de ter causado...sem intenção

Aos que a mim invejaram
Saibam que me liberto por fim da energia emanada que sempre senti

Aos que antipatizaram-se à primeira vista,
espero ter conseguido dissipar a impressão e revertido a situação

Aos que me procuraram pedindo ajuda
saibam que fiz tudo que podia e estava a meu alcance,
até mesmo os nãos que consegui dizer, houve a intenção do bem

Aos que souberam do meu amor não correspondido
saibam que muito amei mas nunca senti em troca algo tão puro
e que não levo disso rancor pois tive o que dizem que pedi, o que mereci

Deixo então o desejo que tenham o que não tive ou pouco recebi:

- a energia d'alma em paz,
- muitas sensações do afeto retribuido,
- a conquista de amizades sem interesse,
- e que amem e sejam amados profundamente.

S.E.X. And City


Se essa sensação fosse real
Eu não saberia explicar como é
Xadrez jogado à sós, talvez
O maior de todos os erros cometidos
"And I think it's gonna be a long, long time.."(Elton John)

QUASE 50

E ela, tendo quase 50 anos
Tem tudo que quis comprar
Bens materiais que conquistou
Com o esforço particular

E ela, tem quase 50 anos
Meio século de vida
Mas que vida tão diferente
Se para e pensa, vê o nada

Cresceu intelectualmente
Estabilizou-se financeiramente
Competente é profissionalmente
Mas é um ser humano vazio

Existe uma lacuna nessa alma
Nunca preechida a perguntar
Como pode esvaziar-se algo que nunca lá esteve?
Porque sentir esse abandono, se nunca houve nada ali

Tem quase 50 anos
esse vazio lhe sufocando
tanto que não pode mais aguentar
deixe ir embora...esse ser que está lhe abandonando!

ABANDONO

Abandonada !...é assim que muitas vezes me sinto
Tenho apenas a certeza de trazer comigo
o amor de mãe, ainda que tal proteção já não possa me socorrer

Uma adulta que não vingou
apenas a casca, o invólucro se soltou
Minha alma ficou paralisada
em algum lugar da minha história

Não sei onde, nem porque
Disseram que perdi o bonde que ia me levar
Levar pra segurança, pro conforto, pro lar, pro amor...

Perdi o tempo, que passou e me deixou
Fiquei esperando em vão
Me deparo agora com o nada do que fui

Não fui guerreira, alegre, não fui criança, feliz, nem fui mulher...
Sou agora um pedaço perdido
quase nada...apenas um fio...

A única esperança que alimento
é a de que esse fio tenha o propósito
de ser usado pelo mestre manipulador de vidas
Que me tire do abandono ou me puxe pra um lar eterno

Apresentando - Aos Filhos de Peixes


"NUNCA TRADUZAS MEUS TEXTOS COMO RECADOS DIRETOS POIS MEU CORAÇÃO ESCREVE POR METÁFORAS"


Sou o tipo de pessoa que guarda de tudo, especialmente coisas que me são preciosas por algum motivo, se ele qual for.

Nesse final de ano, limpando armários e relembrando fatos da minha história de vida, encontrei cadernos de uma fase em que eu sonhei estudar a nossa língua, nossa literatura.

O curso de Letras era tudo que eu sonhava, mas cursei apenas um semestre, as dificuldades financeiras me forçaram a desistir.

Ficaram as lembranças, escritas numa fase onde a fome de conhecimento me incentivava a usar as tais regras, de expressar a criatividade em forma de palavras, como tantos talentos assim o fazem.

Foi nessa época que começei a escrever, poesias, cronicas, sem nexo ou qualidade, mas que de alguma forma estavam saindo da alma e registrados por rabiscos em cadernos.

Confesso que tinha uma visão distorcida de blogs, novidade que prá mim era apenas coisa de adolescente, mas depois de pesquisar e ler muito, mudei o pensamento e vi que tudo pode ser utilizado a nosso favor quando o objetivo é nobre.

Nesse momento surgiu a possibilidade de criar dois blogs (salve a tecnologia!)

Um em homenagem à sensibilidade e criatividade dos seres nascidos sob o 12º signo do zodíaco (temos uma missão complicada)....a meu ídolo Oswaldo Montenegro (igualmente pisciano) e à sua linda obra.
Este então se chamará AOS FILHOS DE PEIXES.

O outro será destinado às palavras escritas durante o período da faculdade (minha fonte de inspiração) e será assim PRA AQUIETAR O ESPÍRITO, que espero aliviar o peso da lembrança dos sentimentos colocados no papel e transportados para a tela.

Espero que gostem, mas espero principalmente que este registro seja útil à alguém que também não tenha coragem de tirar seus escritos do fundo da gaveta !

Wal

Dez/2008

UM ESTRANHO CONHECIDO

Como esquecer que nada se cumpriu
A promessa do suave tocar, do afago sensual
Do encontro dos corpos nus e ávidos pelo momento da entrega

Como ignorar que os minutos de sonho proporcionados por uma voz grave, séria, continua a ocupar a mente iludida

Foram tantos conselhos, tantas frases de apoio
Que por mais constantes, maior era a vontade de provar daquele pecado

Provou sim, o amargo sabor da decepção que ao mesmo tempo significava o doce deleite do prazer realizado

E ali, tendo a visão daquele corpo friamente egoísta sobre ela, a se saciar, sem a doçura que povoava seu sonho de mulher, teve a certeza de não ter nascido para o prazer...para o amor!

Não merecia estar entregue, frágil e indefesa, a um fantasma tão real que se afastou de um carinho, negou o beijo, cerrou os dedos ao toque da mão que o procurava.

Não merecia que os minutos fossem tão escassos, que a presença fosse tão vazia, que a imagem criada fosse devastada por todos aqueles gestos.

Não merecia descobrir que era uma vítima da insana procura por prazer.

Não merecia entender que não tinha importancia, nem era especial para aquele alguém.
Muito menos merecia escutar a dura palavra que a marcou sangrando

E continua...ainda imatura, por não conhecer o momento apaixonado, por nunca ter uma voz a lhe sussurrar...."te amo....te quero minha!"
Jan/09

MAIS QUE UM AMIGO

Quando o conheci, jovem, cheio de sonhos, olhos brilhantes...ávidos de conhecimento, reconheci naquela alma...minha própria estima e vontade de crescer. Tinha a fome do aprendizado, queria a rapidez do tempo, a urgencia da idade.

Uma aproximação lenta e tão suave que quando percebi..lá estava eu..ensinando, acompanhando, doutrinando...e me sentindo a melhor das pessoas por isso...

O aprendiz correspondia, inteligente, perspicaz...e passou a me ensinar: a ser otimista, a ser alegre, a ser feliz!

Infinita foi a alegria em vê-lo a cada dia mais realizado, a cada dia mais perto da promessa inicial...vou chegar lá !

E chegou..hoje é grande, um homem completo, seu fruto é o amor, a vida, a alegria

Um especial homem, que encontra agora sua plenitude e deixa por herança sua lição de caráter e luta.

Bendita a vida que o ensinou a crescer humilde, valorizando cada momento e cada ser que atravessou sua história.

Um grande homem...um menino especial que um dia vai ouvir essas palavras num depoimento público..seja como for!!!

Jan/2009

ENCANTADOR DE CÃES

"Um homem só...não tanto que não tivesse seu cão por companhia. Anda no compasso do raiar do dia, enfrenta qualquer clima sem desanimar.Por sombra traz o amigo alegre e sincero"

Eu amo cães, é verdade!, e eles...bem acho que também me amam. Falo com eles na rua, agrado, alguns me seguem. Deve ter algo na nossa aura que diz pro cão: esse aí você vai gostar, esse não!

Nos cães a gente pode confiar,

às vezes acho que confio e gosto mais de cães do que dos seres humanos!
A verdade é que gente magoa a gente,
- Gente se magoa com a gente,
- Gente fica de mal, ofende, faz guerra

- Gente é o único animal que mata sem ser pra comer
- Tem gente que foge de gente e só presta atenção em cães. Hei...olha eu aí !

Quando o vi pela primeira vez reparei no cão: um beagle gordinho e simpático, abanando a cauda ao passear com seu dono numa manhã de sol.

No dia seguinte o vi novamente, eu no ônibus e eles na rua...e dia após dia os via passear...até que reparei que o dono fazia esse passeio religiosamente no mesmo horário, com chuva ou sol, no verão ou inverno e passei a admirar o respeito do homem às necessidades do animal.

Até acho que o dono também tem suas necessidades administradas nesses passeios, pois está sempre com roupa de training (tênis, camiseta e calção) coisa que muita gente ultimamente faz em benefício da boa saúde: o runners urbanos!

Mas enfim, fui prestando mais atenção a esse ser humano que todo dia fazia o que eu tanto tenho vontade de fazer: passear com meu cachorro! sem pressa, curtindo o passeio, assistindo ele se deliciar com o simples fato de andar ao lado do dono.

Embora eu estivesse num momento complicado da vida sentimental, prestar atenção nele me fez bem e assim comecei a longa jornada de tirar pensamentos tristes da mente, esquecer palavras e situações que me faziam mal.

Um dia decidi descer do ônibus quando o visse, pra ver mais de perto, prá ver melhor...desci e me surpreendi: ele não andava mais com o beagle....agora ele tem por companhia o beagle e com um certo SRD (sem raça definida, prá não dizer vira-latas!).


Foi a gota d'água....ahh me apaixonei...se não bastasse ter um cão...ele tem DOIS!, e ainda recolhe (ele sempre leva folhas de jornal no bolso) a sujeira que os dois fazem pela rua...é demais...um ser humano consciente ecologicamente.

Acho que o beagle gosta de mim, pois quando eles estão na minha direção (eu no ponto do ônibus e eles na calçada) ele pára prá um pipi ou outra necessidade...claro!! e demora um pouquinho mais e eu posso admirar os três...já tentei encarar e sorrir mas me falta coragem.


Depois que ele passeia com os cachorros, ele deve deixá-los em algum lugar, e aí vem o respeito pela sua própria saúde, ele faz uma corrida por toda a avenida (alguns kms), num passo compassado e sem perder o foco.

Não resisto e quase todo dia, paro no mesmo ponto e fico à espera do trio passeando ou, quem sabe, vê-lo sozinho na sua caminhada atlética e séria, já que ele não me olha..ou eu não percebo ele me olhar...(sou desligada) e vivo morrendo de vontade de um dia pará-lo prá dizer o quanto admiro esse comportamento.

Se eu pudesse pedir um homem prá amar, eu queria alguém como esse encantador de cães...afinal imaginar não custa nada e não acredito que alguém que goste de cães tenha muitos defeitos (mas com certeza tem alguns).


Não sei seu nome, o que faz da vida, nem como é sua voz...só sei que adoro ver esse encantador homem que não deixa seus cães sem o passeio matinal, e nem de cuidar da sua própria saúde.

Passo dias sem vê-lo mas quando menos espero lá está ele...meu lindo encantador de cães.

A (MINHA) LISTA


Encontrei num desses livros de auto ajuda, que de uns tempos prá cá tem sido presença constante na minha cabeceira:

"...faça uma lista das qualidades que sua alma gêmea deveria ter para te encantar..., isso registrará no universo o que voce quer e ele conspirará para que alguém apareça para preenchê-la..."
Não que eu acredite em simpatias, crendices...(pero que las hay...hay!), não custa tentar...

Enfim, fiz a tal lista sem poupar qualidades, virtudes, tipo físico, vícios, gostos, defeitos.. (defeitos sim!)...afinal qualquer ser humano os tem...ninguém é perfeito e não acredito em príncipes (no los hay!)

Quando a concluí fiquei olhando para aqueles itens e pensando nas pessoas que um dia pensei amar.
Tentei encaixá-los naquilo tudo...e pasmei diante da constatação clara aos meus olhos: faltava neles sempre algum detalhe que de tão importante...faziam deles almas gêmeas de outras...nunca minhas.

Mostrei essa lista à uma pessoa que depois de lê-la declarou: que lindo!! e num rápido instante virou-se e me bombardeou: quem você vê nessa lista?
Surpreendida, a resposta saiu rápida e objetiva: quem?...

...EU MESMA!
(Jan/2009)

AOS QUE VÃO NASCER....

Vós que vireis
Na crista da maré
Em que nos afogamos
Quando falardes
em nossas fraquezas
Pensai,
Também no tempo sombrio
a que escapastes
(Bertolt Brecht)

DOÇURA DA ALMA

Nos últimos tempos recebo palavras que sempre entreguei
a pessoas amadas
Ultimamente disseram que possuo a doçura de alma,
a beleza que cativa, a ternura no olhar

E embora tímidas, de retribuição, me tocaram com a suavidade da brisa
Dando-me a calma e a esperança roubadas

Quem dera ser razão de um depoimento de carinho espontâneo
Quem dera ser razão de uma noite em claro
Quem dera ser o tema da canção ou poema
Quem dera ser o amor de um coração abandonado

UMA AUSÊNCIA PRESENTE

Nasceu numa primavera
Desejado o bastante no seio materno
Esperado na penumbra do amor
Ocupando espaços outrora habitados
Lugares e objetos de outras posses

Mas foi a alegria do lar estanho
Sem que soubesse dos riscos corridos ainda inocente
Sem que sentisse a separação prestes a vir

Cresceu sonhando com um lar doce e calmo que nunca teria
Abastado por bens que não o compravam
Na lembrança agora de uma promessa não cumprida
Na dor de crescer sem a presença amada e num lar desfeito
Descobrindo aos poucos a dura verdade
Guardou, sem perceber, a mágoa por uma vida
E no final chamado no último suspiro
Realizando, sem saber, o sonho de quem o gerou
Sepulta pra sempre, sem dor nem remorso
Aquele que por herança apenas deixou marcado em seu peito e alma:

- O amor à vida
- O servir ao próximo
- O respeito à terra
- A procura da própria sobrevivência

Não sente agora a falta daquela presença
Não sente culpa pelo vazio deixado
Amadureceu precocemente, é certo...e o único bem que desejou é o mesmo que certamente irá deixar a seus frutos:

...estar presente incondicionalmente, nos piores e melhores sabores, consolando e aplaudindo com toda força d’alma
...com toda força de PAI.
Baseada em fatos contados por alguém doce e sincero.


MOMENTO

Como raio brilhante entrou naquele ser errante da verdade
Com palavras doces regeu o encanto do impossível ato
Se fez presente no encontro difuso do nada
No destino carente se fez verdade criando laços

Em seu espírito indefeso à volupia do desejo
Mas no âmago da consciencia, tinha a certeza do desfecho
E numa tentativa insana de realização
Desprezou a razão, cerrou os olhos e se entregou

Nada tinha em troca daquela pura maciez do corpo em chamas
Nada tinha a dizer além da frase fria que pronunciava sem perceber

E deixou-a ali, estendida na cama insensível
Única testemunha da entrega sofrega daquele corpo agora impuro,
Que ainda acalenta a dor de desconhecer o toque suave das mãos do amor
Na paixão entre línguas que não se tocaram
E nas mãos que se fecharam ao tão esperado afago

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